Grupo de Temer tentou enganar Lava Jato; bilhete apreendido cita "atrevimento"

Um dos argumentos usados pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro para justificar o pedido de prisão preventiva do do ex-presidente Michel Temer (MDB) foi o de que o emedebista e seus aliados tentaram atrapalhar as investigações.
De acordo com o pedido apresentado ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, um "braço de contrainteligência da organização criminosa liderada por Michel Temer" e ele próprio agiram para "dificultar o andamento das investigações".
"Tais comportamentos ocorrem pelo monitoramento do avanço das investigações, com um braço da organização criminosa cuidando de aspectos de contrainteligência, com a finalidade de que, conforme as investigações avancem, sejam produzidos documentos falsos com o intuito de despistar as últimas descobertas investigatórias, sejam destruídas provas e apagados rastros que levem ao desvendamento das ações criminosas, bem como sejam assediadas testemunhas e co-investigados que pudessem vir a ser colaboradores da Justiça, inclusive com pagamento de propina", relatam os procuradores.
Segundo o Ministério Público, o grupo dedicado a atrapalhar as investigações era chefiado pelo próprio Temer e por João Baptista Lima Filho, o Coronel Lima, amigo pessoal do emedebista. Os procuradores citam que Lima "contava com experiência" para fazer esse serviço devido à sua formação militar.
"Chamou atenção o nível de organização e acompanhamento dos investigados sobre os avanços das investigações. Se por um lado o detalhamento das anotações encontradas auxiliou a descortinar as ações do grupo investigado, também foi possível constatar que o mesmo cuidado foi empregado no acompanhamento das investigações, inclusive, na tentativa de se ocultar provas dos atos realizados pelo grupo", destaca a Polícia Federal, em relatório citado pelo MPF.
"Acredita-se que as medidas protestivas do grupo contra as investigações tenham decorrido da formação policial de João Baptista Lima Filho, coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo", complementa a PF.
Uma das provas da atuação desse grupo de "contrainteligência" de aliados de Temer são post-its encontrados em documentos apreendidos durante o cumprimento de mandados autorizados pela Justiça. Em uma dessas anotações aparece está escrito: "Obs: Será que irão (atrevimento!) interrogar sobre a natureza dos assuntos tratados c/ PRESIDENTE?"
"Nota-se que a organização criminosa comandada por Temer tinha constante e ativo direcionamento de esforços no sentido de monitorar, impedir (por meio de subtração de documentos) e confundir (pela produção de documentos) as investigações", concluiu a Procuradoria.
"Como se isso não fosse o suficiente, o próprio Michel Temer teve atuações pessoais e decisivas no sentindo de impedir as investigações. Primeiramente, como se demonstrou acima, Temer, em um encontro clandestino no Palácio no Jaburu, as 22:30h, instigou Joesley Batista a continuar pagando vantagem ilícita a outros integrantes de sua organização criminosa, especialmente Lucio Funaro, que se encontrava preso", complementou a força-tarefa, lembrando encontro ocorrido no ano passado entre o emedebista e o empresário da JBS – pivô da maior crise do governo anterior.
Mais informações em instantes
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